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‘Gabinete do crime’ – Uma análise profunda do esquema de extorsão em São Paulo
A cidade de Indaiatuba, situada no interior de São Paulo, foi palco de uma notável revelação pela equipe do Fantástico. O esquema envolve figuras públicas, incluindo policiais civis e outros agentes, acusados pelo Ministério Público de extorquir dinheiro de empresários.
A Operação Ilícita
Segundo o Ministério Público, um grupo de pessoas, composto por 14 indivíduos, organizava operações policiais para extorquir dinheiro dos empresários. O grupo apreendia mercadorias e simulava irregularidades para forçar o pagamento de propina.
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Como funcionava o esquema?
O grupo operava na cidade de Indaiatuba, a cerca de 110 quilômetros da capital. A polícia apreendeu 23 carros de uma concessionária e outros bens dos empresários, confiscados em dois caminhões a serviço dos policiais.
> ‘Os policiais entravam no estabelecimento, ‘invadiam sem mandado, sem ordem judicial nenhuma’, e acusavam os empresários de crimes,’ disse um promotor da investigação.
Os empresários eram levados à delegacia, onde ocorria a extorsão. Segundo as investigações, os empresários eram ameaçados pelos policiais.
As vítimas e a extorsão
‘Nós acabamos descobrindo que vocês têm crimes de lavagem de dinheiro, crimes de mercadorias falsificadas, formação de quadrilha, porte ilegal de armas, abuso sexual’, relatou uma das vítimas em depoimento. As acusações eram forjadas para pressionar os empresários.
Os empresários foram informados de que todas as alegações feitas pelos policiais durante as operações seriam esquecidas, as mercadorias seriam devolvidas e tudo voltaria ao normal, mas com uma condição: ‘Eles querem 3 milhões de reais’, relembrou uma das vítimas.
O ‘gabinete do crime’
O suspeito de ser o chefe da organização criminosa é Clésio de Oliveira Filho, o delegado titular do Primeiro Distrito Policial de Indaiatuba. Segundo os promotores, o local funcionava como um “gabinete do crime”.
A reunião e o acordo
Os empresários participaram de uma reunião na delegacia, onde foram acompanhados pelo advogado Hélio dos Santos Júnior. Eles foram recebidos pelos policiais civis André da Silva e Carla Moreira, pelo guarda municipal Jackson da Silva e por Márcio Pereira Mendes, que não faz parte da polícia.
Após muita discussão, eles chegaram a um acordo: R$ 1 milhão de propina, a ser pago em R$ 500 mil de entrada e parcelas semanais de R$ 25 mil.
Prisões e acusações
Na última semana, foram presos o delegado Clésio, os dois investigadores, o guarda municipal e outros envolvidos. Os três advogados dos empresários, Rubens Filho, Hélio dos Santos Júnior e Marcelo Savioli, também foram presos acusados de ter participação no crime.
Fábio Moraes, um funcionário da Secretaria Municipal de Assistência Social de Indaiatuba, também foi preso. Ele tinha o papel de ameaçar os comerciantes a pagar a propina.
O papel dos advogados
Para os promotores do MP, os advogados dos empresários, que deveriam defender seus clientes, acabaram se envolvendo no esquema criminoso.
O que dizem os acusados
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que as medidas cabíveis serão tomadas quando a investigação terminar.
A Prefeitura de Indaiatuba afirmou que já afastou os servidores concursados envolvidos e que os comissionados estão sendo demitidos.
Os advogados de Clésio de Oliveira Filho, Carla Moreira e Marcelo Savioli disseram que vão provar a inocência dos clientes. André da Silva, Jackson da Silva, Fábio Moraes e Hélio dos Santos não quiseram se manifestar.
Consequências e próximos passos
O Ministério Público já identificou novas vítimas e pediu o bloqueio de até R$ 10 milhões das contas de cada um dos investigados.
Este caso contundente de corrupção e extorsão revela uma realidade preocupante sobre a atuação de alguns agentes públicos, ressaltando a importância de medidas mais rigorosas de fiscalização e penalização para tais crimes.
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